"O lento e dilacerante desligamento da vida, a perda de vitalidade, a dor da atrofia muscular, o descamamento da pele, as veias que saltam, as costelas que furam os olhos de quem assiste sem poder assistir. Os cabelos esvoaçantes, que como galhos se desprendem da matriz e deixam o corpo de morte.
Nada como a perda de sentido. A vida sem importância, sem cor. O Sol queima, mas não aquece. O amor alimenta mas não nutre. A morte vem ao abraço e não há forças para fugir. O estar entregue, a desistência. Uma luta finda. O oxigênio suficiente para um corpo insuficiente. Um ânimo esturricado, torturado, traumatizado. Um tanto fez-tanto faz, que a morte já basta. É um descanso.
Os olhos veem o mundo diferente. Sinta a fome e veja em meio a cegueira, que não há nada mais para ser visto."
Bianca Brignoni - 25/06